Antonio Jorge Reis

Os verdadeiros “Pais da Criança” são os artistas. As rádios tiveram que se render à competência dos produtores e cantores. Essa é a verdade. Em 97 a TV Liberal começou a dar uma força na divulgação das festas de Fernando Belém no Brega Pai d’égua do Xodó.

Logo depois, as festas viraram reportagem da TV. Na cola, veio a TV Cultura de São Paulo cobrir um festival de música de câmara e a produção do Zuera falou ao repórter do novo fenômeno. O repórter era do programa “cult” Vitrine, da emissora paulista.

Até que a rádio Liberal FM tirou o ritmo da madrugada e colocou no horário nobre, criando um programa de discussão sobre a nova música, nas tardes de domingo, já que o ritmo é inspirado na Jovem Guarda, para dar voz a todos os que faziam aquele novo ritmo.

Era o Zuera Liberal, comandado por Jorge Reis, Rosenildo Franco e Marquinho Pinheiro.

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Nós logo notamos que o ritmo era diferente. Não era necessariamente Brega, como até então conhecíamos.

Para diferenciar, resolvemos ali no Programa, devido a nossa formação musical que inclui o Rock e o Pop, chamar o novo ritmo de Brega POP.

Antes, chamavam de Calypso. Mostramos no programa Zuera Liberal, junto a Tonny Brasil, Chimbinha, Kim Marques e outros que Calypso era um nome inadequado, já que o ritmo Cha Du Dum estava mais para bandas como Beach Boys, Pat Boone, Neil Sedaka ou Donovan e outros, do que para a musica de Harry Belafonte estrela maior do ritmo Calypso nos anos 50 e 60.

Em 99, consideramos que o Zuera já tinha dado o seu recado e criamos o programa Brega Pop Liberal.

Estamos enviando para as rádios do Nordeste desde então, onde conhecemos os produtores, coordenadores e programadores das emissoras, músicas em MD dos artistas paraenses.

Em 2000 revista Trip, publicou a reportagem Roberto Carlos do Brega, sobre Roberto Villar.

Ursula Vidal, cineasta e , até então, apresentadora off do Fantástico da Rede Globo procurou a Rádio Liberal para fazer sua pesquisa inicial sobre seu filme A Caravana do Brega. Dissemos a ela que o Brega Pop nada mais é do que a digestão antropofágica das influências musicais de produtores e artistas do Brega. Os caras passaram anos ouvindo o pop mundial e hoje produzem o resultado de suas influências.

No mês de abril de 2000, a revista Showbizz, a mais importante do Brasil no setor, publicou uma reportagem sobre o agora chamado Brega Pop.

Só falta vencer a barreira do preconceito da classe média, dos intelectuais e de alguns formadores de opinião. O Brega paraense é tão bom ou melhor, do que um pagode ou um axé da vida. Sabemos disso.