Marcelo Thiganá
Professor de Dança e Coreógrafo


1. COMENTÁRIOS DO AUTOR

Tento passar nesta pesquisa um pouco da minha vivência com a dança no Brasil e no mundo.
São vinte e cinco anos de estudo e pesquisa de várias modalidades da área.
Escrever sobre a dança do brega, foi uma necessidade de registrar uma arte tão rica e popular da cultura paraense. Como professor de dança de salão considero fundamental formatação didática, a partir da observação, com ferramenta de difusão da arte de dançar.
O brega na sua forma de dançar a dois é prazerosa e fácil, a poesia popular aliada a melodias contagiantes, revela toda a essência do povo paraense, um povo de alma dançante.

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2. BREVE HISTÓRICO

O brega, expressão nacionalmente conhecida na dança de salão, tem sua origem na cidade de Belém, capital do Estado do Pará.
Região de fortes valores culturais e pluralidade dancística e musical, como o lundum marajoara e o carimbó, recebeu influências significativas na “Era do Rádio” de ritmos conhecidos como calypso, merengue, cumbia… e na pós-guerra, do Twist americano, do rock-and-roll e do iê-iê-iê; vindo assim a surgir, em meados da década de 60, o ritmo brega.

O nome é proveniente das casas noturnas que tocavam esses ritmos - Juventos, Batistão, Changrislar, Pedreirinha, Bar São Jorge, Estrelinha, que eram conhecidos como “bregões”, denominação chula para o que era considerado cafona.

O ritmo proliferou então, nas camadas menos favorecidas, entre os freqüentadores das zonas portuárias, redutos de prostituição e da boemia.

A expansão no interior do Estado deu-se pela interferência das “aparelhagens” da capital, o que ajudou a formatar os passos da dança, numa simbiose entre as danças caribenhas e os movimentos tribais amazônicos de festejo.

Alguns municípios do Estado se destacam com fortes contribuições para a criação desta forma única de expressar o corpo: Moju, Igarapé-Miri, Barcarena, Abaetetuba, Vigia e outros.

A sociedade (classe média-alta) paraense assumiu definitivamente essa expressão na década de 80, um ressurgimento do brega na capital, impulsionado por vários cantores e compositores que vem mudando sua forma desde então, sem perder a raiz co compasso tribal nos movimentos.

3. RESUMOS DE DADOS CARACTERÍSTICOS DA DANÇA DO BREGA

- Influência musical: ritmos caribenhos e norte-americanos.
- Cantores influentes: Elvis Presley, Rita Pavone, Paul Anka, Neil Sedaka, Jery Lee Lewis.
- Influência dançante: danças caribenhas, danças nativas e folclóricas amazônicas.
- Dançarinos antigos: Seu Pimbinha (bairro do Jurunas), Juvenal do Sapato Branco e D. Carmelita (bairro da Pedreira), Guerreiro (bairro do Guamá), Neguinha do Babado (bairro do Coqueiro).
- Primeiras casas noturnas (Bregões): Juventos, Estrelinha, Pedreirinha, Bar São Jorge, Batistão e Changrislar.
- Indumentária básica:
* Feminino: saias floridas, blusa “tomara-que-caia”
* Masculino: sapatos, cinto, calça branca e camisa vermelha e/ou estampada

5. FONTES PESQUISADAS

- JORNAL O LIBERAL (Caderno Cartaz - Coluna Brega & Cia)
17 e 24 de fevereiro de 2000
Jornalista Márcia Carvalho

- JORNAL DIÁRIO DO PARÁ
14 de junho de 2000
Jornalista Julie

- ENTREVISTA: Maestro Manoel Cordeiro
15 de janeiro de 2000

- LIVRO: PAGODE - A festa do samba no Rio de Janeiro e nas Américas
Editorial Universidad Potíficia Boliviana
Escritor Alejandro Ulloa

- LIVRO: DANÇA LATINA AMERICANA - A Cura di Luigi Marini
Escritor e Diretor: Luigi Marini
Finto di stampare net mese di luglio 1997 presso la CLEUP - “Cooperativa Libraria Editrici Universitá di Padova”

- LIVRO: O BRASIL DESCOBRE A DANÇA
São Paulo DBA artes gráficas, 1994
Escritora Helena Katz - É doutora em comunicação e Semiótica pela PUC - SP, onde coordena o Laboratório de Dança. Fundadora do núcleo de Dança, é também crítica de dança na Tv Cultura e do jornal O Estado de São Paulo.

- LIVRO: BREGA UM RITMO PAI-D’ÉGUA D’EMAIS
Escritor Sindicalista Carlos Alberto de Aguiar
17 de janeiro de 2001

- TRIBO INDÍGENA CAIAPÓ (Município de Conceição do Araguaia - PA)
Visita a tribo indígena em 1982

- Visita a municípios do interior do Estado do Pará: Moju, Bujaru, Igarapé-Miri, Abaetetuba, Barcarena, Cametá, Conceição do Araguaia, São Miguel do Guamá, Soure, Irituia, São Domingos do Capum, Marabá, Santarém, Cstanhal, Capitão Poço, São Caetano de Odivelas, Oriximiná.
De 1978 a janeiro de 2001.