O Carimbó que se pratica hoje, ritmo tipicamente nortista, definido na região do Salgado do Estado do Pará é o CARIMBÓ PRAIANO cuja tradição remonta ao século XVIII tem sua evolução na região do Salgado em épocas bem marcantes nas fazendas e sítios, onde os negros escravos predominavam com seu trabalho. Através do batuque encontrou-se o ritmo denominado de carimbó, transformando-se em lazer, cuja dança favorecia o afastamento do estado nostálgico do negro. A característica do carimbó ou curimbó provem, originariamente, da qualidade do tambor usado pelos negros, chamado de carimbó, principal instrumento do batuque. O Carimbó não se resume apenas nas variações ou nos movimentos dos dançarinos, visto que possui coreografia variada e bem definida e que obedece um certo ritual que os mais antigos, obrigatoriamente, seguiam como determinado para se dançar, pois, com certeza o ritmo, como a cantiga e o balanço do corpo serviam para exprimir as vibrações da dança e que chegavam a encenação de imitação dos bichos. Daí se ter a dança do peru, da formiga, do tatu, do carneiro etc. Em inúmeras músicas registradas pode-se encontrar alusões a bichos, pássaros, pessoas do povo ou fatos bem comuns, assim que temos poesias em ritmo de carimbó homenageando a periquitambóia (cobra), o jacaré, o tubarão, a lavadeira, o Peru, da Atalaia (posto de observação), O roda pião, o maçarico etc. Na verdade, e, é bom que se diga, que o carimbó também é a expressão viva do lamento caboclo, de sua desilusão com os dirigentes, ou para alertar, ou dar recados importantes, demonstrar a ilusão no amor, como maneira expressiva da crônica diária que vivem os poetas, pescadores, lavradores ou pagodeiros.
No município de Marapanim, não foi bem aceito o ritmo do carimbó, pois parecia aos brancos, "dança de preto" e essa discriminação virou radicalismo, pois o fato provocava o afastamento dos homens brancos dos barracões armados para a dança, em dezembro, ocasião em que era aberta oficialmente os festejos, dedicados a São Benedito. Portanto, carimbó, na concepção de Vicente Chermont, é o tambor e não a dança. Posteriormente, os nossos caboclos adaptaram o nome do tambor à dança e que permanece como tal, até hoje. Mas é relevante a informação de José Veríssimo, quando afirmou que em 1880, a dança do Gambá ou Tambores de Gambá, era formado por dois tambores, feitos em madeira escavada tendo numa das extremidade um couro entesado para produzir sons. Como se pode perceber, nada foi acrescentado, na atual formação dos conjuntos de carimbó, que ainda possuem:
A forma da dança parece a dança-de-roda, onde homem e mulher dançam soltos, acompanhando o ritmo da música, sua poesia e o solo. Aos homens não é proibido fazer requebros, fazer misuras ou qualquer tipo de galanteio à dama, podendo levantar o braço, colocá-las nos quadris, estalar os dedos no estilo castanhola ou dar gritinhos tipo "oi, oi, oi ". Mas o destaque maior é dado para momentos especiais como a dança do peru, onde o cavalheiro, no centro de uma grande roda de dançarinos ao ritmo da música do peru, agacha-se até apanhar o lenço com a boca. Ao apanhar o lenço (troféu), ganha uma prenda da parceira como troféu de campeão.
Joaquim Amóras Castro |
CARIMBÓ, ZIMBA, CURIMBÓ: Uma evolução cadenciada
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